Editorial Fascículo - Maio/Agosto 2022
Resumen
Ao entregarmos mais um fascículo em 2022, entregamos o resultado de inúmeros esforços de toda comunidade acadêmica empenhados neste periódico. Produzir e disseminar conhecimento exige ações de dedicação para que o resultado da produção seja socializado. Trata de um processo que impõe devoção do conjunto de autores e revisores que têm parte de suas preocupações em organizar trabalhos de qualidade acadêmica e que estejam além da plataforma do periódico. Este periódico, mais do que participar de diversos indexadores, tem uma nobre preocupação, como abrir caminhos para a divulgação da produção do campo em nível internacional. Por isso caprichamos cada vez mais na seleção dos artigos que trazem a marca metodológica e teórica de forma rigorosa.
Assim, selecionamos para este fascículo, 06 artigos originais distribuídos nas 2 seções deste periódico.
O primeiro artigo da seção – Gestão e Contabilidade de Empresas Privadas & do Terceiro Setor – “Sensibilidade da Sustentabilidade ao Cooperativismo e a Governança Corporativa” busca suprir uma importante lacuna na área do cooperativismo analisando a sustentabilidade e a governança corporativa. A partir da percepção de 104 agentes que atuam em órgãos de governança corporativa em cooperativas na Região Sul do Brasil, a pesquisa apresenta importantes evidências. Tais constatações estão relacionadas acerca da influência positiva entre governança corporativa e sustentabilidade; a influência positiva dos princípios e valores do cooperativismo na sustentabilidade; e a associação positiva entre a governança corporativa e a sustentabilidade se torna mais acentuada pela prática dos princípios e valores do cooperativismo. É relevante destacar que as cooperativas que apresentam uma percepção de maior sensibilidade para questões de natureza socioambiental apresentam mecanismos de governança mais robustos, o que pode sugerir um aprendizado às empresas de outros segmentos de atividades como um caminho para melhoria de seu ambiente interno no que tange à governança.
O artigo “O Impacto do ESG no Valor e Custo de Capital das Empresas” traz novos resultados à uma área amplamente debatida. Trata aqui da contribuição de ações de ESG no valor e no custo de capital. Os pesquisadores analisaram uma amostra de 163 empresas brasileiras entre 2010 e 2020, e constataram que “em média, a cada aumento de 1 score do ESG, há uma elevação de 0.35% no valor da empresa (QTOB)”, enquanto que sob a ótica do custo de capital “em média, a cada aumento de 1 score do ESG, há uma elevação de 0.4% e 0.6%”.
Por meio de uma survey com 107 profissionais que atuam em áreas de venda, cadeia de suprimentos, logística e controladoria, o artigo “Uso de Mecanismos de Controle e Desempenho Colaborativo: Efeitos do Risco Relacional e da Confiança” analisou “o efeito mediador do risco relacional e da confiança na relação do uso de mecanismos de controle com o desempenho colaborativo entre fabricantes de autopeças e montadoras de veículos”. Os resultados apontam que há “três soluções proporcionam maior desempenho colaborativo: mecanismos de controle associado à confiança; mecanismos de controle em ambientes com ausência de risco relacional; e presença de especificidade dos ativos em relacionamentos com risco relacional”. Os resultados deste estudo trazem implicações práticas na área de gestão à medida que apontam aspectos relevantes no gerenciamento de riscos relacionais e mecanismos de controle à medida que este pode ser utilizado para melhoria do desempenho colaborativo, aspecto tão desejado pelas organizações.
Por fim o último artigo desta seção analisou o perfil das publicações científicas sobre Cooperativas. Os autores selecionaram 103 artigos no período de 2010 a 2019 e da aplicação robusta do método de classificação não supervisionada os resultados revelam que em torno de 70% dos assuntos tratados dizem respeito a temática de contabilidade gerencial e outros 30% à contabilidade financeira. Esse resultado traz importantes implicações à medida que a principal contribuição dos estudos acadêmicos voltados às cooperativas (no caso da amostra dizem respeito principalmente as cooperativas de crédito ou agropecuário) estão focados em melhorias das práticas gerenciais, que normalmente representam parte das fragilidades no sistema de gestão dessas organizações. Outros importantes resultados podem ser apreciados em todo texto do artigo intitulado “O Perfil das Publicações Científicas Sobre Cooperativas e Contabilidade: À Luz da Classificação Não Supervisionada”.
A seção Gestão e Contabilidade Pública traz 2 artigos, sendo o “Governança Pública: uma Revisão Sistemática de sua Aplicação a Entes Públicos” apresenta, por meio de uma revisão sistemática, um panorama acerca do estado da arte sobre a aplicação da governança no setor público. Os resultados surpreendem à medida que apontam uma falta de conhecimento dos entes analisados acerca dos conceitos de governança pública, ao passo que há “excessiva preocupação com o atendimento de aspectos legais”. Um outro aspecto bastante relevante é a ausência de continuidade no que tange aos projetos em andamento quando há mudança na gestão, demonstrando a falta de compromisso dos gestores públicos com ações de médio e longo prazos, aspecto bastante conhecido pela população brasileira.
O segundo artigo da seção, “Eficiência dos Gastos com Saúde nos Estados Brasileiros” faz uma análise de clusters utilizando a análise envoltória de dados. O propósito do texto é trazer para o leitor a apuração da eficiência dos gastos em saúde nas 27 unidades da federação brasileira no período de 2015 a 2018. Trata-se de uma pesquisa relevante à medida que apresenta caminhos acerca da eficiência na alocação dos resultados em uma área extremamente importante à sociedade brasileira que é a saúde. Da análise realizada, somente os estados do Maranhão, Minas Gerais e São Paulo apresentam eficiência de acordo com o modelo testado (CRS). Ainda na análise dos estados do cluster 1, o Distrito Federal apesar de possuir uma das maiores médias de gasto per capita, é a unidade da federação que apresentou os piores resultados em todo o período analisado, reforçando o fato de que se a alocação de recursos financeiros não vier acompanhada de fatores como a qualidade no gasto público não resulta em melhorias para publicação.
De nossa parte, como editores, desejamos que os textos sejam inspiradores e que provoquem boas reflexões acadêmicas.
Boa leitura,
Os editores.
Rodrigo de Souza Gonçalves
Andrea de Oliveira Gonçalves
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