Editorial
Abstract
Prezados leitores,
Em 2020, uma nova epidemia difundiu-se no mundo e, em poucos meses, o cotidiano de todos transformou-se em uma tragédia sem precedentes. Mesmo assim, avançamos incansavelmente rumo à produção e à divulgação do conhecimento. Fruto desse esforço, apresentamos à comunidade nosso primeiro fascículo em 2021, no qual contemplamos uma seleção de trabalhos que demonstram a relevância do conhecimento no campo da contabilidade e da administração. Aqui, privilegiamos os artigos que demonstram aprofundada discussão acerca de mercado financeiro, governança e formação discente.
Cada artigo apresenta as mais diversas contribuições para o campo e renova nosso ânimo ao apontar evidências e avanços, na perspectiva da contabilidade, da gestão e da governança.
No primeiro artigo que inaugura as reflexões, os autores procuram discutir como o contexto econômico afeta a relação entre a governança corporativa e a volatilidade das ações no mercado financeiro. A análise é feita no âmbito do artigo “Evidenciação do Contexto Econômico na Relação entre Governança Corporativa e Volatilidade das Ações nas Companhias Abertas Brasileiras”. Particularmente, esse artigo aponta que a governança corporativa e seus mecanismos internos, quando analisados em conjunto com o Produto Interno Produto, são elementos que contribuem para a ocorrência de menor volatilidade das ações em empresas brasileiras listadas na B3.
No contexto do artigo “O Impacto dos Recursos Financeiros do BNDES no Valor de Mercado nas Companhias Listadas na B3”, os autores sugerem que os resultados da pesquisa podem contribuir para a elaboração de uma política eficiente de financiamento às empresas brasileiras, haja vista a significativa atuação do BNDES em determinados segmentos do empresariado brasileiro. Os resultados analisados pela amostra demonstram que empresas que captaram recursos com taxa subsidiada pelo BNDES não apresentaram aumento de valor de mercado, trazendo à luz a política de alocação de recursos subsidiados pela sociedade e sua real efetividade quanto à agregação de valor e à geração de riqueza.
Outro artigo também preocupado com o mercado de capitais no Brasil, cujo tema está voltado para a “Política de Dividendos e Períodos de Recessão: Evidências no Mercado de Capitais Brasileiro”, aponta que, em períodos de baixo crescimento econômico, há maior distribuição de dividendos, comportamento esse que busca trazer aos investidores uma sinalização para a redução da assimetria e da incerteza em momentos de maior volatilidade na atividade econômica.
No contexto da governança, que estimula um sistema de gestão de excelência com políticas alinhadas, cada vez mais, ao propósito organizacional, destacam-se outros esforços de autores neste fascículo. Aqui, observa-se o intuito dos autores de delinear, de forma objetiva, os contornos desse conceito, que promove a transformação nas organizações a partir da complexidade do tema tratado.
Temos, portanto, um trio de artigos que trazem uma discussão ampliada acerca de instrumentos e boas práticas. O primeiro deles, “Governança Corporativa e Rentabilidade dos Planos de Entidades Fechadas de Previdência Complementar”, apresenta evidências da não relação entre a rentabilidade obtida pelos investimentos realizados pelos Fundos e a adoção de boas práticas de governança corporativa. A despeito dos resultados, os autores advertem que esses devem ser vistos com parcimônia, dada a necessidade de melhorias das referidas práticas que assegurem maior efetividade das ações internas no segmento analisado.
O artigo “Antecedentes do Sistema de Controle Gerencial em Cooperativas de Crédito da Região Sul do Brasil” demonstra que as alavancas de controle, quando utilizadas de forma balanceada, convertem-se em relevante instrumento na promoção da renovação estratégica das cooperativas de créditos, sobretudo quanto à redução da incerteza.
Por sua vez, o artigo “Impacto das Emendas à IAS 16 e à IAS 41 na Posição Econômico-Financeira das Empresas Sucroenergéticas Brasileiras” demonstra que as alterações promovidas nos mencionados dispositivos trouxeram prejuízos à comparabilidade das informações contábeis das empresas analisadas, o que exige maior atenção dos usuários quanto a seu uso no processo de tomada de decisão relativo ao período de transição da norma (de 2015 a 2017).
Em relação à discussão da governança global, apresentamos o artigo “Países mais Transparentes são mais Democráticos?”, que traz resultados relevantes acerca da existência da relação entre transparência fiscal e grau de democracia, em uma amostra de diversos países. Destaque-se que, sob a perspectiva dos autores e das evidências empíricas, a transparência fiscal fornece subsídios ao exercício do controle social, estimulando o amadurecimento da democracia, o que tende a se tornar um ciclo de prestação de contas e controle, que possibilita a promoção da accountability.
Por fim, retomamos e aprofundamos o debate sobre motivação e estresse no processo de formação de discentes. No artigo “Relação entre Motivação Acadêmica e Estresse Percebido”, apresentam-se evidências da relação entre estresse e desmotivação acadêmica, mais preponderante em estudantes do gênero feminino. Nesta discussão, os autores sugerem a necessidade de acompanhamento dos/das estudantes no processo de formação. É, de fato, uma oportunidade de reflexão que estimula e aprofunda o papel docente no sentido de ser agente transformador no processo de formação.
No conjunto de artigos aqui apresentados, considerou-se a superação de mais um desafio: dar continuidade à divulgação do conhecimento científico, com saldo positivo e acervo variado. Claramente, há sempre espaço para melhorias, razão pela qual as sugestões dos leitores continuarão sendo sempre bem-vindas.
Temos, portanto, uma diversidade teórica e uma riqueza de temáticas. Com isso, nós, editores da Revista CGG, esperamos que os nossos leitores tenham uma excelente e proveitosa leitura!
Os novos editores, a partir de 2021,
Rodrigo de Souza Gonçalves
Andrea de Oliveira Gonçalves
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